Túnel do tempo

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A partir de hoje é legalmente permitido entrar armado em bares e restaurantes no estado do Arizona. Aqui bebemos, dirigimos e puxamos o gatilho. Mas não é só. Permite-se também "ameaçar" o próximo com uma arma sem que seja considerado uma ameaça ou intimidação.

Para alguns, evolução não existe. Algumas coisas nunca mudam mesmo, então para que avançar, certo? No Arizona voltar no tempo é o que faz sentido. Uma vez o Velho Oeste, sempre o Velho Oeste.

A lei que entra em vigor nesta quarta-feira permite que pessoas, com autorização para portar armas sem que esteja a vista, possam frenquentar bares e restaurantes. Boa notícia! Claro, porque afinal de contas precisamos mesmo dos nossos revólveres e espingardas em bares e restaurantes. Além do que, nada a temer com a boa mistura de álcool e armas. A lei é específica: "os que estiverem portanto armas não podem beber". Sim. Do mesmo jeito que as pessoas não bebem e dirigem e não existem acidentes de carro por embriaguez.

Mas o privilégio não é só nosso, moradores do Arizona. Uma lei semelhante foi aprovada em julho no estado do Tennessee. E, segundo a Associação Nacional do Rifle, organização pró-armas, já são 41 os estados americanos que permitem armas em locais onde é servida bebida alcoólica.

É uma vergonha que percamos a oportunidade de investir o nosso bom senso e tempo a serviço da paz. Estamos cada vez mais criando animosidade e medo. Este constante estado de guerra tem de acabar. E tem de acabar no mundo, nas nossas cidades, nos bares e restaurantes.

Afeganistão

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Sério mesmo, não suporto mais ouvir o noticiário americano.

Dia após dia tudo o que se vê e ouve é sobre o aumento ou não de tropas americanas no Afeganistão.

O umbigo americano está localizado no oriente médio e ninguém reparou!

Almoço de domingo

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E lá fomos nós comemorar! A idéia era almoçar fora. Sabe o almoço de domingo? Era o que eu queria.

Recriar momentos em outro país, de outra cultura, pode ser extremamente difícil, no meu caso, impossível. Esquece. Nem mesmo a churrascaria Fogo de Chão, uma cadeia brasileira, abre aos domingos para o almoço aqui no Arizona.

Planos por água a baixo a única esperança agora é a esperada família, que deve vir em novembro e dezembro.

Existem coisas maravilhosas aqui no Arizona, aqui nos Estados Unidos. Sei disso, reconheço, gosto e admiro. Acontece que sinto falta de ir a um restaurante aos domingos pra almoçar, comer devagar e apreciar o dia como se não houvesse fim.

O fato é que morro de saudades do Brasil. Simples assim!

Pontes

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Antes de mudar para os Estados Unidos tive várias conversas com amigos, clientes, chefes, familiares. Ainda lembro de cada uma delas, mas uma em particular me cutuca o tempo todo. A da ponte.

Mesmo mudando de mala e cuia para o Arizona para me casar, eu deveria, a todo custo, manter a conexão com as pessoas do meu país, com o meu universo profissional, a minha rede de contatos.

E assim eu tenho feito. Busco a todo instante me manter conectada ao Brasil. De uma forma ou de outra, naturalmente e sem esforço. Não tomo a iniciativa visando qualquer outra coisa que não o meu mais profundo prazer em manter as raízes. Sou brasileira e me sinto honrada de ter nascido e vivido naquele país. É o que faz de mim quem eu sou. É o que eu sou, brasileira!

Daí, hoje, quando eu pedia demissão de um trabalho que não me interessa mais, o chefe, americano, aborrecido provavelmente, diz que o motivo pelo qual eu não me sentia satisfeita ou identificada com o trabalho era porque eu não havia abandonado o meu país e as minhas paixões.

Oras, será mesmo preciso abandonar o Brasil e os meus interesses para trabalhar nos Estados Unidos? Me recuso a acreditar que sim. Aliás, comentário medíocre do meu ex-chefe. Eu simplesmente não suportava mais trabalhar com ele e ponto! Além disso, tenho outro emprego!

O que muitos americanos ainda precisam aprender é que não importa se moramos nos Estados Unidos, cada um de nós, imigrantes, carregamos conosco o nosso país, a nossa cultura e as nossas paixões. E essa bagagem deve ser vista como algo extremamente valioso. Os inteligentes assim percebem. É o que alguns chamam de globalização.

Futebol americano

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Quase dois anos depois e eu ainda não consigo apreciar a paixão nacional. Quer dizer, uma delas. O futebol americano, como conhecemos, é só no que esse povo fala.

E se vocês acham que é só a liga nacional, bem-vindos ao meu mundo. Tem muito mais! É futebol americano das universidades e das escolas também. É futebol americano de manhã, de tarde e de noite. Da escola, do estado e do país.

Fica fácil entender. Logo cedo, nas escolas, o esporte ganha um tom grandioso. Os campeonatos são televisionados, alguns em todo o país e é ali que a carreira milionária de um jogador profissional começa a se desenhar. Além da natural vontade de jogar, o atleta sente rapidamente o gosto da fama e do poder.

Outro dia meu marido comentava sobre a indústria do futebol americano das universidades, que concede a bolsa de estudos ao jogadores e faz fortunas a cada jogo sem dividir qualquer lucro com os atletas.

O que mais me chamou a atenção foi o intervalo no jogo para comercial de televisão. Isso mesmo. Existem intervalos durante os jogos destinados exclusivamente para as propagandas. Se você estiver no campo ouvirá o anúncio do intervalo e, em casa, entra no ar o comercial.

Pra mim, as calças justas são engraçadas, as pancadas são violentas e o jogo, muito demorado.

Revisora demitida

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Pura desculpa esfarrapada. Mas tudo bem. É pra justificar os erros de digitação e/ou de concordância.

O meu belo amado laptop, que tinha todas as versões de programas e sofwares em Português, foi para um buraco negro. A tela escureceu de vez. Uma tal luz de fundo queimou.

Resumo da ópera, tive de comprar um novo computador. Além de não ser o Windows XP que tinha no laptop e eu tanto gostava, nada tenho mais em Português. Nem mesmo a opção de instalar o idioma com esse tal Windows Vista em Inglês.

Não sei o que fazer. Mas continuarei postando mesmo sem conseguir usar aquela sensacional ferramenta de verificar a ortografia.

Espanhol brasileiro

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Como se não bastasse a falta de informação sobre o Brasil, ainda tem alguém mundo afora reforçando que o idioma falado no país é o Espanhol.

Outro dia foi o personagem da atriz Penolope Cruz num filme pra lá de bobo. Uma brasileira. Sim, claro! Apenas um exemplo entre tantas outras produções americanas por aí que eu já assisti do lado de cá, em que algum ator ou atriz hispânica representa um brasileiro sem sequer falar Português!

Mas o pior mesmo foi ontem. Animadamente, o senhor meu marido me chama para assistir o que ele pensava ser um filme brasileiro na HBO. Descobri hoje fuçando na web que Alice foi uma série produzida pela HBO Brasil, mas não achei o link para a página da produção.

O fato é que assistimos ao "filme" todo em Espanhol. A história brasileira, se passa no Brasil, com personagens brasileiros, atores e atrizes brasileiros, e eu tive de ler as legendas em Inglês e escutar os diálogos em Espanhol.

A Tacoma da Toyota

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Fusca, belina, chevete, fiat ou chevrolet, não sei, simplesmente não tenho a habilidade de gravar nomes de carro ou suas marcas. Um aqui outro ali ainda vai e talvez fosse mais fácil há 20 anos, quando poucos veículos eram lançados no mercado. Me lembro do Del Rey, da Ford?

O fato é que se já era difícil gravar e reconhecer os nomes dos carros no Brasil, agora piorou significativamente. Aqui nos Estados Unidos são centenas de fabricantes, marcas e modelos que não tenho nem idéia. Impossível pra mim!

Outro dia, papeando com uma cliente após uma reunião, ela comentava que estava em dúvida se ficava ou não com a Tacoma. O que? O que diachos é Tacoma? Veja bem, pronunciado em Inglês soa ainda mais estranho. Eu fiquei perdida, calada e a senhora insistia na conversa citando ainda um outro nome que sequer consigo lembrar. Só muito depois descobri que se tratava de carros e que Tacoma é uma camionete da Toyota. Sério?!!

Sai da frente que eu quero passar

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No fim da tarde o movimento é intenso no trânsito de Tempe. Aliás, em toda a grande Phoenix. Como no Brasil, é a hora do trabalhador voltar pra casa.

De repente um daqueles enormes caminhões do corpo de bombeiros - que eu só via em filmes - atravessa a avenida numa velocidade e agilidade só possível graças a regra, rigorosamente seguida pelos motoristas, de parar o carro à direita ou à esquerda das ruas liberando o tráfego.

É bonito de ver! Os carros todos encostam ao longo do meio fio. De um lado e de outro, os cruzamentos ficam liberados. Lembrei do sufoco das ambulâncias e bombeiros no Brasil.