Brasileiros e eu nas eleições americanas

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Virei personagem de reportagem. O jornal Correio Braziliense, onde já trabalhei, publica hoje uma notícia sobre brasileiros que votam nestas eleições nos Estados Unidos.

Mas só para esclarecer: eu não voto. Fiz doação e sou voluntária da campanha do democrata Barack Obama. O fiz porque acredito nas propostas do senador e porque, apesar de não ser cidadã americana, vivo aqui e toda e qualquer decisão política pode influenciar diretamente a minha vida neste país. Sou casada com um cidadão americano. A família que me cerca é americana. Meus vizinhos são americanos, moro em um bairro americano. Participo da comunidade. Sou voluntária da cidade de Tempe e em outros programas e bairros da cidade onde é necessário o trabalho de um voluntário. E tudo que faço, o faço legalmente.

Abaixo a reportagem do Correio.

Brasileiros também vão ajudar a decidir

Imigrantes que tentam a sorte na terra do Tio Sam garantem que votarão em Barack Obama. Brasiliense trabalha na campanha


Rodrigo Craveiro
Da equipe do Correio
Arquivo Pessoal
Soraya Bittencourt (E) se casa com Lucila, em agosto, na Califórnia: críticas ao governo Bush

Arquivo pessoal
De nacionalidade dupla, Juliana Coura posa para foto diante do Capitólio, a sede do Poder Legislativo, na capital Washington: “voto em Obama porque não quero mais quatro anos do mesmo”


Ela tem feito o que pode por Barack Obama. “Doei para a campanha e daí foi um passo até eu me tornar voluntária”, disse. “Vou ao comitê, faço telefonemas pedindo votos, distribuo panfletos.” Quem imagina que a mulher de 39 anos, jornalista, curiosa, entusiasmada (como ela mesma se define) tenha nascido nos Estados Unidos e seja uma militante democrata convicta está completamente enganado. A brasiliense Paula Menna Barreto Hall mora em Tempe, no Arizona, desde fevereiro passado, e não esconde a empolgação com a escolha do próximo presidente norte-americano.

Assim como ela, apenas mil dos 400 mil brasileiros que vivem nos EUA terão o direito de ajudar a decidir amanhã o futuro da maior potência do planeta. “O mapa da eleição que mostra os estados vermelhos (republicanos) e azuis (democratas) traz o Arizona com a coloração rosa, o que é incrível”, comenta. Não é por menos: Paula vive no território inimigo — em pleno bastião do senador republicano John McCain. “Um estado reconhecidamente republicano por anos agora pende para o lado democrata, isso é histórico”, comemora. A adesão à candidatura do primeiro negro com chances reais de ocupar a Casa Branca parece uma tendência na comunidade brasileira do país.

Quando olha para o filho Thiago, de 10 anos, o carioca Pedro Penha, de 43, vê todos os motivos para depositar seu voto em Obama. “Thiago é autista e Obama tem um melhor plano para a saúde e especialmente para as pesquisas com células-tronco”, explica o morador de Miami que chegou à Flórida em 1993. Ele define a escolha pelo senador por Illinois como uma espécie de ruptura com o legado de George W. Bush. “McCain seria o mais próximo da continuidade ao governo Bush. Embora ele seja um excelente político, isso o atrapalha”, avalia. Pedro reconhece que o republicano não é tão articulado como o adversário, mas também admite a falta de experiência de Obama. “Assim como Lula, ele nunca administrou nada, jamais foi prefeito ou governador”, lembra o comerciante de peças de reposição industrial.

Pedro também elogia o fato de Barack Obama falar a língua das minorias e da elite — graças à formação acadêmica em universidades de ponta, como Harvard e Columbia. Em relação à questão racial, ele não nega que as pessoas “ficam meio balançadas”. “Mas o brasileiro é mais racista que os americanos.”De acordo com ele, Obama tem carisma e educação refinada, além de contar com apoio explícito do ex-presidente Bill Clinton, o que considera um “forte endosso”.

Estrago
No extremo leste, em Redwood City (Califórnia), a empresária mineira Soraya Bittencourt, de 48 anos (22 deles nos EUA), se revela uma democrata. Uma das primeiras lésbicas brasileiras a se casar nos Estados Unidos — a cerimônia de união com a carioca Lucila Oliveira ocorreu em 16 de agosto —, ela acusa os republicanos de terem destruído o país nos últimos oito anos. “O plano econômico de Obama, a promessa de sair do Iraque, a ênfase na classe média, e a importância da educação e dos direitos humanos ajudarão a colocar o país no rumo certo”, prevê.

O otimismo de Soraya é cauteloso. Depois do estrago promovido por Bush, ela acredita que a correção do processo político será longa e árdua. “McCain sempre apoiou as políticas de Bush e agora tenta se afastar dizendo que mudará o país, o que não é verdade”, contesta a empresária. “E a Sarah Palin, please... Não a quero como vice.”

Na capital, Washington, Juliana Coura, de nacionalidade brasileira e americana, também conta que vai votar amanhã em Barack Obama. O motivo: “Não quero mais quatro anos do mesmo”. “Eu simpatizo mais com os democratas do que com os republicanos, que estão no poder há muito tempo”, alega. Funcionária de recursos humanos em um banco, a mulher de 31 anos acha que a vitória de McCain representará a insistência nos erros do passado. “Vamos afundar o barco de vez”, teme Juliana.

Comments (2)

é isso ae mamãe!! hehe.. bjos

nossa... essa reportagem tem altas tendências democratas!!! tudo bem q eh impossível escrever reportagens e afins imparcialmente, mas nao precisava ser tão descarado assim!!!
enfim, nao q eu seja republicana; apenas prezo por um melhor jornalismo!!!